Rodizio de automóveis dá errado em São Paulo e leva milhares de pessoas ao risco de contágio em transporte público

Maio 13 2020

Uma ideia infeliz que invés de promover o isolamento, promove a ajuntamento de milhares de pessoas que sem carro para ir ao trabalho lotam os ônibus, trens e metrô de São Paulo. Iniciado segunda feira, o rodízio só enfrenta críticas de todos os lados e não tem resolvido em nada a questão de confinamento das pessoas em suas casas.

Anunciado pelo prefeito Bruno Covas e colocado em prática no início desta semana, o rodízio impõe que os carros de chapas de números par circule nos dias pares e os de números impares nos dias impares.

A ideia era a de fazer com que as pessoas das referidas placas saíssem de casa um dia sim outro não e assim diminuiria a circulação de pessoas pela cidade. Só que essas pessoas não saiam para passear e sim para os poucos trabalhos que ainda existem na cidade. Com isso não tiveram outra alternativa em ir de transporte público nos dias em que não podiam sair com seus veículos.

Para se ter uma ideia da tragédia, nesta semana, os proprietários de carros com placa par, só podem ir trabalhar na terça, (12) e na quinta (14), ou seja, apenas dois dias na semana, o que é algo totalmente impossível.

Claro que os congestionamentos diminuíram. Mas melhor preso no congestionamento e seguro do que em ônibus e metrô lotados.

As pessoas, que por milagre ainda dispõe de algum emprego, não podiam correr o risco de perde-lo. Assim, a solução foi mesmo ir de transporte público. Muitas pessoas inclusive, já totalmente desacostumadas aos transportes públicos, tiveram ainda mais dificuldades.

Assim, como era de se esperar, as filas nos terminais aumentaram e as aglomerações foram inevitáveis. Os casos mais drásticos são do metrô e trens onde não há filas. As pessoas simplesmente se aglomeram nas plataformas para tentar entrar nos trens que em geral já vem lotados.

As medidas de higienização dos transportes públicos são paliativas. Por exemplo, apenas os canos são limpos sumariamente quando da chegada dos ônibus nos terminais. Mas há muitos lugares em que as pessoa põe as mãos que ficam de fora. Por exemplo aquelas alças que ficam penduradas nos canos e também os locais de segurar nos bancos dos passageiros. Não daria tempo para limpar tudo isso depois de cada viajem.

O contato pessoal, ou seja, pessoas se colando umas nas outras simplesmente por falta de espaço é outro problema insolúvel. Portanto, a solução, seria menos pessoas usando os transportes públicos. Mas ocorre justamente o contrário. Com os carros em casa, cria-se ainda maior quantidade de pessoas nos transportes públicos.

Foi anunciado que seriam aumentado o número de ônibus em circulação. Mas pelo visto isto não aconteceu pois as filas são gigantescas nos terminais e a espera é longa.

Em São Paulo, há pessoas que pegam até três conduções para chegar ao local de trabalho, o que expõe ainda mais ao risco de contaminação.

Prefeito e governador de São Paulo, estão sempre na TV alardeando a “preservação da vida”. Pelo visto só mesmo a vida deles, pois a população forçada a essa aglomeração tendo seus carros parados em casa correm risco diariamente.

O Ministério Público requer explicações sobre essa medida, mas pelo visto tudo vai continuar na mesma.

Não dá para entender uma mediada tão absurda dessas. Será que não dá para perceber que as pessoas que saem de carro não é para passeio nem visita a familiares, pois por um lado, ninguém anda mais com dinheiro sobrando para gastar com passeios e as visitas nesta época de pandemia são escassas. As pessoas saem para algo imprescindível como ir aos supermercados ou ao trabalho.

Milhares de paulistanos que em seus veículos estariam protegidas, agora se aglomeram em plataformas de trens e dentro de ônibus lotados. Bela maneira escolhida para a tal “preservação da vida”. (Leonardo Bezerra) DEIXE SEU COMENTÁRIO